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Na crista da onda

Só existem influencers porque existem idioters – ditado popular contemporâneo engraçado, mas raso na sua essência. 

Num mundo que tem espaço para influenciadores, mentores e afins, o que se conclui não é por uma população idiotizada, mas uma sociedade complexa, em franco desenvolvimento, que exige rápida adaptação e absorção das transformações práticas e conceituais.

Do pager e do fax aos smartphones de hoje – vivemos toda essa verdadeira revolução tecnológica. As máquinas de escrever eletrônicas da IBM foram o prenúncio dos computadores pessoais e da internet, com a introdução dos primeiros PCs como o 286, 386 e o 486 – até os computadores de hoje, que imergem o indivíduo na realidade virtual. Da introdução do dinheiro de plástico – os cartões – nos meios de pagamento, até o bitcoin. Quem viveu neste planeta nos últimos 40 anos viu tudo isso e participou dos tempos de maior evolução da história da civilização.

Daí o espaço para esses mentores e influenciadores. Eles inserem o indivíduo em seu espectro profissional ou social – ensinam, orientam e o adaptam. O mundo é volátil. Novas tendências surgem num piscar de olhos. Se você não estiver antenado, fica para trás. O maior exemplo disso é a Kodak.

Nesse cenário quase selvagem, em que empresas quebram do dia para a noite, os shopping centers se desenvolveram e se solidificaram. Se em terra de cego quem tem um olho é rei, o que dizer de quem tem os dois olhos? Assim atuaram os administradores de malls nesses mesmos últimos 40 anos de revolução social. Realmente o shopping trabalha com os dois olhos: um no presente e o outro no futuro.

Quem não se lembra das primeiras fundações da construção do Barra Shopping em 1975? A Barra da Tijuca praticamente não existia. Chegou o primeiro grande condomínio – o Nova Ipanema – e junto veio o Barra Shopping. Visionários. Daí nasceu a Barra na concepção que a vemos hoje. O fomento desse bairro deve muito a esse shopping. Isso implica dizer que a força dos malls é tão grande que eles não apenas seguem, mas criam e desenvolvem tendências.  

Não poderia ser diferente, se foi justamente dessa sopa de dificuldades do mundo moderno que nasceu os shopping centers – dessa competição desenfreada inerente ao capitalismo e ao livre comércio. O shopping é o resultado quase orgânico às mazelas da competição: unir para se tornar mais forte e assim vencer.

Nesse diapasão, oportunas e preciosas são as palavras da especialista e advogada Silviane Scliar Sasso, de “não se tratar de clichê a qualificação do shopping center como um organismo vivo” (Revista Shopping Centers, Edição 250, nov de 2023). Pura verdade.

Existem influenciadores e mentores, empresários e empreendedores, mas nada se compara aos administradores de shoppings. Eles sabem o que vai acontecer no futuro – são paranormais!

A pandemia era a prova que faltava, como um “se vira nos 30” – e o shopping se reinventou, tal qual um organismo vivo, tamanha a complexidade de suas engrenagens e articulações.

A reforma do próprio Código Civil Brasileiro, em 2015, trouxe novos institutos jurídicos cujos alicerces foram desenhados pelos operadores do Direito na área de shopping center. Isso sim é ser influencer. Trabalhar no mundo mall é trabalhar na vanguarda. É estar na crista da onda.

Excelência em administração e governança, no atendimento ao cliente-consumidor e ao lojista, no relacionamento com a comunidade local e com as autoridades, na preservação do meio-ambiente e na política de sustentabilidade.  Otimizar tempo e custo, visando a lucratividade – isso é o que move a roda viva dos shopping centers.

Se os malls nasceram do caldeirão da competitividade da sociedade capitalista, não se poderia esperar menos que isso. Não é fácil administrar tantos interesses envolvidos, mas a missão é executada de forma impecável. Eles são mágicos: transformam crise em oportunidade e enxergam o que os olhos não veem.

Uma ideia que surgiu como ousada há 50 anos, hoje transformou o comércio, na sua concepção – e uma concepção que só se amplia, com a incorporação de centros médicos, instituições de ensino, cinemas, teatros e práticas esportivas.

O administrador de shopping center tem a visão de quem observa o mundo de cima da montanha. Eles são os verdadeiros influencers. No final da estória, não deixa de ser verdade o ditado popular que serviu de preâmbulo para este pequeno texto.

Que venham mais 50 anos de prosperidade, porque é saudável para toda a sociedade – da oportunidade de emprego às melhorias do transporte público local, passando pela segurança pública, pelo aumento da arrecadação de impostos e, obviamente, pela melhoria das opções de compra do cidadão.

Por fim, desse silogismo em que tomamos emprestado o dito popular como tese – e as considerações aqui elaboradas como antítese, a síntese que se apresenta é de que: quanto mais shopping centers, menos idioters existirão.

Os shopping centers vão dominar o mundo!

Por: Carlos Maggiolo

CARLOS MAGGIOLO
Advogado Criminalista, Professor
de Direito Penal e Jornalista

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