Vou abordar um tema bastante desafiador, pois falarei da rotina de mais de 10 milhões de empresárias brasileiras e eu me incluo nesse número.
Nessa jornada em busca de uma reflexão sobre nossos desafios, tomarei a liberdade de dividir com vocês alguns índices de uma pesquisa do ano de 2023 do SEBRAE.
Essa pesquisa aponta que as mulheres encontram dificuldade de dedicar mais tempo aos negócios, por conta da jornada múltipla, que envolve trabalho, cuidados com a casa e com a família, Essa dificuldade é chamada de jornada dupla.
Essa jornada tem exaurido muitas mulheres em seus negócios sendo um impeditivo para empreender, não por falta de recurso, mas por exaustão e constante culpa.
É importante ressaltar que em decorrência dessa dupla jornada, alguns índices mostram que, 40% das mulheres dedicam MENOS de 40 horas semanais ao seu negócio, enquanto 36% dos homens conseguem dedicar MAIS de 40 horas ao seu negócio por semana.
O que podemos perceber é que a falta de suporte familiar e colaboração para os cuidados com a casa e com a família impactam diretamente o desenvolvimento empreendedor dessas mulheres em seus negócios. Estamos falando mais uma vez de comportamento e o quanto é necessário que a colaboração e igualdade de responsabilidades sejam temas centrais nos lares de todo o país.
Conforme os dados levantados, o estudo revelou uma média de 21,4 horas semanais dedicadas aos afazeres domésticos por mulheres. Para os homens, o índice foi de 11 horas semanais e ainda tem os cuidados com os filhos e tudo que representa o universo familiar que envolve as mulheres.
O que quero dizer com isso? Que não adianta darmos igualdade de oportunidade de carreira, estudo e profissão para as mulheres, se não damos um ambiente igualitário no lar para que elas cresçam e se desenvolvam tanto quanto os homens, para tais propósitos.
Ainda estamos enraizados em comportamentos antigos que freiam o desenvolvimento do Empreendedorismo feminino, que continua a crescer, mesmo em um meio ainda hostil para o desenvolvimento desse mercado que gera inúmeros empregos e oportunidades.
Hoje somos mais de 10 milhões de empreendedoras, de acordo com a pesquisa, o Brasil tem 1,3 milhão de mulheres empregadoras em um universo de 10,3 milhões de donas de negócios.
Entre os homens, são aproximadamente 2,9 milhões de empregadores, o que representa 15% do total de 19,7 milhões de donos de negócios.
O estudo do Sebrae revela ainda que, quando possuem empregados, as mulheres têm empreendimentos menores, gerando menos postos de trabalho do que os homens. Enquanto as donas de negócios lideram entre as empresas com 1 a 5 empregados, os homens estão à frente entre os negócios com 51 funcionários ou mais.
Se em nossos Lares, educarmos nossos filhos com equidade de gênero, daremos mais velocidade ao crescimento do empreendedorismo feminino, criando um ambiente mais favorável, para que muitas mulheres desenvolvam suas habilidades podendo empreender novos negócios, oportunizando não somente sua estabilidade financeira, mas fornecendo através dela rumos mais prósperos para seus lares, compondo o orçamento familiar com seus companheiros, criando assim, uma sociedade mais próspera e com capacidade de desenvolver novos mercados.
Ensinar a equidade de gênero nos lares, para nossas crianças, quebra esse ciclo de desigualdade e a longo prazo veremos a “famosa”jornada dupla de trabalho se extinguir, dando lugar a um lar mais saudável , com membros mais conscientes e colaborativos, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa, além de estimular a inovação e o crescimento econômico do nosso país.
ELIZABETH MENDONÇA GUERRA
Mentora e Coach pelo Instituto Hollos;
Acionista da Bellatrix Consultoria e Participações;
Especialista em Networking e em Gestão de Pessoas;
Influenciadora Digital e Idealizadora do
Grupo Empreendedor Roda de Mulheres
